ENTREVISTA – Prefeita de Mulungu fala pela 1ª vez ao Expresso PB como encontrou o município, sua relação com o vice-prefeito e as irregularidades na gestão anterior

BLOG DE WILLIAM SANTOS | 8/24/2013 10:23:00 PM | 0 comentários

A jovialidade da Sra. Joana Darc Bandeira não lhe faz menos responsável do que prefeitos da região com maior idade. Pelo menos foi a impressão que a Prefeita de Mulungu deixou ao conceder entrevista ao Expresso PB na noite da última terça-feira (20) durante a Festa de Emancipação Política da cidade de Pilões.
Ao lado do esposo, Ricardo Bandeira, a Prefeita Darc veio a convite prestigiar a sua colega Adriana anfitrião da festa.
No corre- corre do evento, Darc reservou um pouco de seu tempo, assim como outros prefeitos que se fizeram presente, para conversar pela primeira vez com nossa equipe e falar  da cidade de Mulungu, seus projetos e ações a frente da Prefeitura.
Dentre os assuntos abordados, Darc falou de sua relação com o vice-prefeito, aliança com o PT, superfaturamento na gestão anterior e a participação do marido em seu governo. Confira a seguir a entrevista na íntegra:
A Prefeita Adriana Andrade de Pilões (ao centro) acolhe a colega Prefeita de Mulungu Darc Bandeira (à direita) e a Secretária de Educação de Mulungu (à esquerda)
Expresso PB: Prefeita como a Sra. Se sente sendo recebida em Pilões pela sua colega Adriana Andrade?
Darc Bandeira – Graças a Deus, Marcos, o acolhimento aqui em Pilões está muito bom, eu quero agradecer a  Prefeita Adriana Andrade pelo convite. Ela já tinha me enviado um convite para participar do Caminhos do Frio e infelizmente devido a agenda já comprometida não pude estar presente, mas quando eu soube que a emancipação era uma certa continuidade ai eu disse na emancipação eu não poderei faltar. Eu gosto muito de Adriana, nós já tínhamos nos encontrado a muito tempo atrás e sempre lutando através da política e hoje nós temos a grata felicidade de ter Adriana como prefeita de Pilões, a primeira mulher , como no meu caso também a primeira mulher eleita lá no município de Mulungu.
Expresso PB: Prefeita, vamos falar de Mulungu. A Sra. está com quase oito meses de governo e me parece que a gestão enfrenta uma oposição muito forte. Como a Sra. lida com isso?
Darc  Bandeira – Olha a oposição está fazendo seu papel de cobrar, eu só fico um pouco triste porque a oposição que hoje cobra é a situação que deixou o município acabado durante oito anos, eu não vou nem falar dos oito anos, vou me referir aos últimos quatro, né. Então se hoje nós temos alguma dificuldades em algum local que não tivemos ainda a oportunidade de consertar, porque não foi criado agora nesses oito meses e sim a alguns meses atrás. Mas faz parte, a política é assim, eu tenho muito respeito por todos os vereadores, fui vereadora, trabalhei com muitos vereadores que hoje fazem oposição a nossa administração, fui oito anos vereadora, fui presidente daquela casa e eles estão fazendo seu papel. Eu também já fui situação e oposição, mas eu sempre fiz uma oposição coerente, quando está certo, tá certo, quando tá errado, tá errado, agora sem julgar ninguém devido a desmandos deixados que não podemos resolver e nem vamos resolver, em Mulungu existe desmando que não vamos resolver em um ano e muito menos em oito meses.
Expresso PB: Onde a Sra. encontra mais dificuldades na administração?
Darc Bandeira – Olha a nossa grande dificuldade hoje, além dos precatórios são as dívidas de Mulungu, mas os precatórios é o grande problema, hoje nós estamos descontando 7% do FPM, toda cota do dia 30, nós temos R$ 10 mil depositado mensalmente em uma conta do TJ e recebemos agora um documento do próprio TJ para descontar mais de 700 mil reais do município referente a parcelamentos descumpridos dos anos 2010, 2011, 2012. Era um acordo, tinha que ser cumprido, infelizmente foi cumprido partes e agora veio essa determinação. Estive lá no TJ conversei com o juiz que está tomando conta do caso pra tentar um acordo e não tem como, pois to vendo a hora decretar estado de falência do município e ver o que é que vai acontecer. Então foi dado um prazo até outubro para fazermos uma revisão de todos os precatórios, mas para nossa triste surpresa existe um precatório do Ministério Público, apenas um que custa mais de três milhões de reais. Outro nosso problema são os débitos deixados pela gestão passada com a Energisa, que já negociamos, um debito que já tinha um parcelamento anterior de R$ 500 mil e foi deixado mais sete meses num montante de mais de R$ 200 mil. Então pagamos no inicio da gestão para religar porque quando assumimos todos os prédios públicos estavam as escuras, com exceção da unidade mista de saúde e da escola.  Bem e ainda estamos recebendo ofícios vindos da Funasa, Fundo Nacional de Saúde de convênios firmados em 2005, 2006 e que estão com recursos a pagar por compra de equipamentos superfaturados, como foi o caso do convênio 2829 de 2004 que foi executado em 2005 e foi comprovado pelo Fundo Nacional de Saúde superfaturamento para a unidade móvel de saúde.
Expresso PB: Prefeita a Sra. pretende acionar o ex-prefeito na justiça?
Darc Bandeira – Olha, mesmo que nós não quiséssemos fazer isso, nós éramos obrigados a fazer e isso não é só lá em Mulungu, mas em qualquer outro município porque se você não tomar uma providência você se torna conivente. A Funasa hoje está pedindo pra você ou devolver o dinheiro de um certo convênio ou prestar contas do convênio. E como é que vamos prestar contas de um convênio se não encontramos documentação nenhuma em relação a esse convênio? Então se por um eventual motivo qualquer gestor disser que vai continuar essa obra tem que prestar contas e como vamos prestar contas? Seremos coniventes? Não (!). Então mesmo que qualquer gestor não queira fazer isso, será obrigado a fazer.
Expresso PB: E sua relação com o vice-prefeito?
Darc Bandeira – O vice-prefeito tomou uma atitude, nós tivemos uma conversa anteriormente e foi uma conversa muito definitiva e foi tomada por parte do pai dele uma atitude e que nessa conversa ficou bem claro que se realmente essa atitude fosse tomada ele poderia se considerar oposição. E infelizmente até para surpresa minha foi tomada essa atitude e hoje eu o considero oposição.
Expresso PB: E a vinda do PT para o grupo de situação, qual foi a sua estratégia na verdade?
Darc Bandeira – Bem, a do PT foi o seguinte; e eu quero aqui agradecer a Eudes, a Dr. Noaldo, Dr. Júnior, o próprio Ribeiro; o PT apesar de estarmos em algumas eleições de lados opostos, sempre nos demos bem, sempre tivemos uma  boa convivência, somos mulunguenses, nascidos e criados em Mulungu, então nunca teve nada que realmente ferisse essa relação, independente de política porque nós sabemos que política passa, mas ai houve um convite de nossa parte, eu sei e acredito muito no PT, a força e a vontade que o PT tem de trabalhar por Mulungu e essa é a oportunidade, então houve o convite e graças a Deus foi aceito e estamos trabalhando para melhorar a qualidade de vida do município de Mulungu.
Expresso PB: O que a Sra. pensa para o futuro da cidade?
Darc Bandeira – Olha, nós temos dois sonhos para realizar em nosso município. Um é a água da Leal Lândia e esse é um objetivo o qual vamos lutar, apesar de termos informações de que no papel esta água já está concretizada há muito tempo atrás. Mulungu é um município carente que precisa de muita coisa, de saneamento básico, um matadouro; Mulungu hoje está sendo inserido no convênio de resíduos sólidos em um consórcio que abrange 22 municípios, enfim Mulungu precisa de muita coisa e principalmente de um Hospital para funcionar. Hoje nós estamos funcionando e pra nossa surpresa e nossa felicidade, há dois dias atrás nasceu o primeiro mulunguense no Hospital de Mulungu na nossa gestão. Então foi uma grata surpresa, o Dr. Antonio Cassimiro foi quem fez o parto e graças a Deus deu tudo certo. Mas é isso, botar o nosso Hospital pra funcionar e o saneamento básico do município que é saúde também.
Expresso PB: Duas perguntas pra gente encerrar Prefeita. Qual a influência do seu marido no seu governo e dá pra esclarecer o seu desentendimento com uma professora durante uma audiência dos servidores em seu gabinete?
Darc Bandeira – Olha, a influência do meu marido é que nós somos um casal e muito unido, graças a Deus. São dezoito anos de matrimônio e nós estamos sempre nos ajudando; isso foi sempre nos nossos negócios particulares e não poderia deixar de ser diferente. Inclusive, nós as vezes em alguns eventos que eu não posso estar ele vai nos representando enquanto eu estou em outro evento. Então é a parceria e isso tem que ter e isso é de marido e mulher. Então a influência é de ajudar. Ele não é mulunguense, mas já faz mais de 20 anos que está em Mulungu e adotou Mulungu como sua cidade. Nos casamos em Mulungu, moramos em Mulungu, até hoje nossos negócios particulares são em Mulungu e é de ajudar… é de ver o desenvolvimento do município.
E a outra pergunta, sobre a professora o que aconteceu foi o seguinte: nós passamos quatro horas de reunião com todos do sindicato e desde o início a professora não vinha se comportando bem  e nós vínhamos conversando numa boa com o advogado do sindicato, outros professores, representante de categoria de motorista  e infelizmente só essa professora que acho que ela não entendeu realmente o que estava se passando naquela reunião. Então infelizmente eu tive que pedir para que ela se retirasse para que não tivesse algo a mais (pausa), algo a mais que falo não é algo, por exemplo, de sair na agressão… não. Era pra que tudo fosse encerrado por aí. Porque quem quer o respeito tem que se dá o respeito.  E não é por indiretas nem com picuinhas que vamos conseguir algo, é exatamente no dialogo. Então eu estou aberta sempre, já me reuni duas vezes com o sindicato, estou aqui aberta sempre ao diálogo, inclusive o Presidente do Sindicato está autorizado a obter o valor de todas as cotas mensais do FPM… Nós não temos nada a esconder, é tanto que o nosso portal está ai, o portal da transparência (www.mulungupb.gov.br). Então quem quer respeito tem que respeitar, estou aberta ao diálogo, converso com todos, qualquer pessoa que me procurar sempre converso, agora temos que saber conversar.
Da Redação
Expresso PB/Por Marcos Sales

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