PRÉ-CARNAVAL

BLOG DE WILLIAM SANTOS | 2/15/2012 06:50:00 PM | 0 comentários


Antigamente o carnaval tinha somente três dias de folia e uma quarta-feira ingrata, para acabar com a diversão maior do povo brasileiro.
O tempo passou e muitas mudanças ocorreram no carnaval, a exemplo do corso, consistindo no desfile de carros enfeitados pelas ruas das cidades, com pessoas fantasiadas desencadeando a guerra de confetes e serpentinas.
Uma preciosidade cobiçada, ainda hoje pelos mais abastados, era o saudoso lança perfume “Rodouro”, fabricada pela empresa Rodo Suíça, que surgiu no Rio de Janeiro por volta de 1906 e logo se alastrou pelo país perfumado.
Quando tudo que é bom dura pouco, num rompante do presidente Jânio Quadros, em 1961, baixou decreto para impedir a importação e consumo aos brasileiros.
Eis que os carnavalescos passaram a cheirar lança-perfume, o que também era chamado de “tomar um porre”. O que era mera satisfação passageira tornou-se um perigoso costume e os porres de lança-perfume deixaram de ser alegre, romântico e contagiante para ser um vício incontido.
O alvo da brincadeira era sempre o pescoço e as costas, mas quando o alvo era desviado e pegava nos olhos, ardia prá burro. E se um cara ousado mirasse no bumbum de uma garota o frio líquido perfumado, aí o pau cantava, literalmente! Neste caso, existia a turma do deixa disso intervindo prontamente com a paz voltando a imperar.
Com o passar dos tempos, houve a era do mela-mela com abundância do talco, e várias qualidades de pó. Uma nuvem branca parecia cobrir os ares se nivelando até se misturar com as nuvens.
As agremiações carnavalescas, a muito custo, teimam em colocar os blocos na rua, para um público reduzido e sem entusiasmo, com exceção do eixo Rio e São Paulo, banhado em luxo e beleza ainda com o recurso moderno das transmissões em tempo real pelas principais TVs.
Neste momento, as prévias carnavalescas vieram para elastecer o calendário do rei Momo, ganhando espaços em todo Brasil um tipo de carnaval diferente e simplificado pelo trio elétrico, marginalizando o frevo, a marchinha e o samba.
Sinceramente, não tenho nada contra as bandas e as músicas baianas, mas a música tocada nas festas juninas é a mesma que toca no período carnavalesco... Brincar ao redor de trio elétrico só comprando abada, conhecida mortalha carnavalesca.
O pré-carnaval chegou, peço licença aos foliões/leitores porque estou viajando para curtir o carnaval deste ano nos Emirados Árabes quando, de turbante e tudo, trarei novidades excêntricas. Shalam-aleikum: a paz esteja convosco!

MARCOS SOUTO MAIOR 
 Advogado e desembargador aposentado

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