ENCONTRO NA BAMBÚ

BLOG DE WILLIAM SANTOS | 12/13/2011 10:00:00 AM | 0 comentários


Por volta das onze horas da manhã, me encontro com o saudoso compositor paraibano, Genival Macedo, e em rápido papo decidimos ir à Churrascaria Bambu, até porque, estávamos próximo ao horário do almoço.
                                   Nos tempos em que estacionar o carro não era problema, paramos na calçada do restaurante e logo nos aboletamos numa confortável mesa.
                                   De imediato, o conhecido garçom Forzinho logo encostou e, com a tradicional bandeja redonda, como em toque de mágica, duas taças de vidro e uma cerveja, estupidamente gelada.
                                   “O galeto chega já, doutor, e vem no ponto como o senhor gosta!” disse o esforçado atendente.
                                   O primeiro gole da “louríssima” foi precedido de cuidadoso contato dos lábios delicadamente molhados pelo gélido líquido. Logo em seguida, um gole guloso encheu toda a boca, terminando por um estalo de aprovação vindo do céu da boca...
                                   Os assuntos em pauta na mesa do bar fora mulheres, música e coisas do dia a dia, intercalado com gargalhadas de quem está, conscientemente, feliz.
                                   Genival falava da mais recente cantora brasileira que trouxera para apresentação na capital paraibana, a inesquecível Clara Nunes, sucesso de palco que ainda hoje a memória me permite registrar.
                                   E lá vem Forzinho com o galeto primo canto acompanhado de duas tigelas fundas com farofa e molho vinagrete.
                                   O tempo quente de verão sempre exigia uma cerveja após outra!
                                   Detalhe bem paraibano, era o costume de jogar as garrafas secas embaixo da mesa, para evitar que a montanha de vidro formada, impedisse o conforto de colocar os braços e mãos. Há quem diga que era para despistar o alto consumo de bebida.     
                                   A fome foi estimulada pelo perfume que brotava do galeto e, logo logo, pedimos o segundo, o que não era muito porque bebíamos em horário de almoço.
                                   Em dado momento, Genival balançando o braço esquerdo se surpreende com o correr das horas. “Marcos, rapaz o tempo passa depressa, e eu vou voltar para Recife de ônibus...”
                                   Respondi incontinente: “Vamos tomar a saideira num brinde à vida.”
                                   O ônibus sairia da Rodoviária, pontualmente uma hora da tarde, e no relógio faltando apenas cinco minutinhos para a partida.
                                   Fechamos a conta, homenageando Forzinho com a gorjeta em dobro e saímos a toda para pegar o ônibus.
                                   O transporte não esperou nossa farra e botei o meu carro para ir pegá-lo no meio do caminho, em alta velocidade.
                                   Não demorou muito e ultrapassei o veículo e liguei o pisca alerta fazendo-o estacionar no acostamento da rodovia.
                                   Com direito a despedidas acaloradas, Genival sobe os batentes do ônibus e eu regresso para casa.
                                   Dia seguinte, meu amigo telefona para dizer que a viagem curta se tornou longa e complicada. O ônibus não dispunha de tualete à bordo, e a fermentação da cervejada não podia adiar o esvaziamento da bexiga.
O volume de cerveja consumido tinha inchado a bexiga de Genival e, sob protesto dos demais passageiros, forçou o ônibus parar três vezes na pista, para urinar...
MARCOS SOUTO MAIOR (Advogado e desembargador aposentado)

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