ENCONTRO NA BAMBÚ
Por volta das onze horas da
manhã, me encontro com o saudoso compositor paraibano, Genival Macedo, e em
rápido papo decidimos ir à Churrascaria Bambu, até porque, estávamos próximo ao
horário do almoço.
Nos
tempos em que estacionar o carro não era problema, paramos na calçada do
restaurante e logo nos aboletamos numa confortável mesa.
De
imediato, o conhecido garçom Forzinho logo encostou e, com a tradicional
bandeja redonda, como em toque de mágica, duas taças de vidro e uma cerveja,
estupidamente gelada.
“O galeto chega já, doutor, e vem no ponto
como o senhor gosta!” disse o esforçado atendente.
O
primeiro gole da “louríssima” foi
precedido de cuidadoso contato dos lábios delicadamente molhados pelo gélido
líquido. Logo em seguida, um gole guloso encheu toda a boca, terminando por um
estalo de aprovação vindo do céu da boca...
Os
assuntos em pauta na mesa do bar fora mulheres, música e coisas do dia a dia,
intercalado com gargalhadas de quem está, conscientemente, feliz.
Genival
falava da mais recente cantora brasileira que trouxera para apresentação na
capital paraibana, a inesquecível Clara Nunes, sucesso de palco que ainda hoje
a memória me permite registrar.
E
lá vem Forzinho com o galeto primo canto
acompanhado de duas tigelas fundas com farofa e molho vinagrete.
O
tempo quente de verão sempre exigia uma cerveja após outra!
Detalhe
bem paraibano, era o costume de jogar as garrafas secas embaixo da mesa, para evitar
que a montanha de vidro formada, impedisse o conforto de colocar os braços e
mãos. Há quem diga que era para despistar o alto consumo de bebida.
A
fome foi estimulada pelo perfume que brotava do galeto e, logo logo, pedimos o
segundo, o que não era muito porque bebíamos em horário de almoço.
Em
dado momento, Genival balançando o braço esquerdo se surpreende com o correr
das horas. “Marcos, rapaz o tempo passa
depressa, e eu vou voltar para Recife de ônibus...”
Respondi
incontinente: “Vamos tomar a saideira num
brinde à vida.”
O
ônibus sairia da Rodoviária, pontualmente uma hora da tarde, e no relógio
faltando apenas cinco minutinhos para a partida.
Fechamos
a conta, homenageando Forzinho com a gorjeta em dobro e saímos a toda para pegar
o ônibus.
O
transporte não esperou nossa farra e botei o meu carro para ir pegá-lo no meio
do caminho, em alta velocidade.
Não
demorou muito e ultrapassei o veículo e liguei o pisca alerta fazendo-o
estacionar no acostamento da rodovia.
Com
direito a despedidas acaloradas, Genival sobe os batentes do ônibus e eu
regresso para casa.
Dia
seguinte, meu amigo telefona para dizer que a viagem curta se tornou longa e
complicada. O ônibus não dispunha de tualete à bordo, e a fermentação da
cervejada não podia adiar o esvaziamento da bexiga.
O volume de
cerveja consumido tinha inchado a bexiga de Genival e, sob protesto dos demais
passageiros, forçou o ônibus parar três vezes na pista, para urinar...
MARCOS SOUTO MAIOR (Advogado e desembargador aposentado)
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