Reprovação escolar: uma vergonha "cara" para o município de Mulungu
Fizemos um ano em que o nome do nosso município foi estampado
nas capas do jornal da Paraíba com o ranking de 21,1% de reprovação dos alunos
que perpassam por nossas escolas; o décimo primeiro município que mais reprova
no estado da Paraíba; um dado preocupante, vergonhoso e caro para os cofres
públicos.
Reprovamos um
ser humano homem, mulher, criança, adolescente,
jovem ou adulto, trabalhador ou trabalhadora em seu percurso social e
cultural: sua auto-imagem, sensibilidades, identidades, projetos de vida,
emoções. Mexemos em sua identidade social, coletiva, em seus processos de
formação.
Penso que o mal
maior consiste em que, contando com o recurso
da reprovação para isentar-se de culpa, a escola pode, comodamente,
deixar de buscar soluções para sua falta de eficiência. Para quem analisa em
profundidade os problemas da escola pública brasileira, especialmente no ensino
fundamental, não deixa de impressionar o poder catalisador desse recurso das
reprovações para desviar as atenções dos problemas da escola, concentrando-as nas
responsabilidades do aluno. Nunca é a escola que reprova, a escola que não
ensina, a escola que falha, a ineficiência das políticas públicas educacionais
de Estado e Município; a ênfase é sempre no aluno que é reprovado, que não
aprende, que fracassa; onde na verdade são vítimas.
É difícil erradicar a cultura da reprovação.
Mas esse não é um obstáculo intransponível. Segundo Filho (2012), um dos
pesquisadores sobre reprovação escolar no Brasil, as melhores escolas
particulares brasileiras já venceram esta problemática. Elas não reprovam
praticamente ninguém. Para isso, contam com a vantagem de receber alunos com
uma boa base prévia; eis aí o diferencial. Penso que o mesmo pode ser feito no
ensino público, com investimentos em creches e pré-escolas de qualidade. Pois
as pesquisas mostram que é da infância que vêm a motivação para aprender e as
primeiras habilidades cognitivas.
Diante do
exposto, cabe-nos alguns questionamentos: será que podemos dizer que o nosso
ensino, que insiste tanto em reprovar, tornou-se melhor? As reprovações
garantem um melhor aprendizado?Eis aí indagações para nós, pensadores e
educadores do nosso município, problematizarmos e rediscutirmos os caminhos da
escola e as políticas educacionais do nosso município.
Professor Everaldo do Nascimento
Graduado em Letras (UEPB), Pedagogia (UVA). Pós-graduado em
Lingua estrangeira-Inglês e Psicologia da Infância e da Adolescência (FASCISA).
Mestrando em Ciências da Educação (ULHT).
Category:
Muito interessante, mas devemos lembrar que quando se mede a reprovação não se refere apenas aos dados das escolas do município. E sim, a toda a rede escolar presente na cidade, o que envolve também, as escolas estaduais. Espero que a próxima gestão possa olhar pra isso com atenção. Se o problema é a qualidade do ensino, então vamos melhorar e deixar de selecionar por partido político e passar a usar critérios de capacidade e competência.