Reprovação escolar: uma vergonha "cara" para o município de Mulungu

BLOG DE WILLIAM SANTOS | 11/24/2012 11:44:00 AM | 1 comentários



Fizemos um ano em que o nome do nosso município foi estampado nas capas do jornal da Paraíba com o ranking de 21,1% de reprovação dos alunos que perpassam por nossas escolas; o décimo primeiro município que mais reprova no estado da Paraíba; um dado preocupante, vergonhoso e caro para os cofres públicos.
            Reprovamos um ser humano homem, mulher, criança, adolescente,  jovem ou adulto, trabalhador ou trabalhadora em seu percurso social e cultural: sua auto-imagem, sensibilidades, identidades, projetos de vida, emoções. Mexemos em sua identidade social, coletiva, em seus processos de formação.
            Penso que o mal maior consiste em que, contando com o recurso  da reprovação para isentar-se de culpa, a escola pode, comodamente, deixar de buscar soluções para sua falta de eficiência. Para quem analisa em profundidade os problemas da escola pública brasileira, especialmente no ensino fundamental, não deixa de impressionar o poder catalisador desse recurso das reprovações para desviar as atenções dos problemas da escola, concentrando-as nas responsabilidades do aluno. Nunca é a escola que reprova, a escola que não ensina, a escola que falha, a ineficiência das políticas públicas educacionais de Estado e Município; a ênfase é sempre no aluno que é reprovado, que não aprende, que fracassa; onde na verdade são vítimas.
             É difícil erradicar a cultura da reprovação. Mas esse não é um obstáculo intransponível. Segundo Filho (2012), um dos pesquisadores sobre reprovação escolar no Brasil, as melhores escolas particulares brasileiras já venceram esta problemática. Elas não reprovam praticamente ninguém. Para isso, contam com a vantagem de receber alunos com uma boa base prévia; eis aí o diferencial. Penso que o mesmo pode ser feito no ensino público, com investimentos em creches e pré-escolas de qualidade. Pois as pesquisas mostram que é da infância que vêm a motivação para aprender e as primeiras habilidades cognitivas.
            Diante do exposto, cabe-nos alguns questionamentos: será que podemos dizer que o nosso ensino, que insiste tanto em reprovar, tornou-se melhor? As reprovações garantem um melhor aprendizado?Eis aí indagações para nós, pensadores e educadores do nosso município, problematizarmos e rediscutirmos os caminhos da escola e as políticas educacionais do nosso município.

Professor Everaldo do Nascimento
Graduado em Letras (UEPB), Pedagogia (UVA). Pós-graduado em Lingua estrangeira-Inglês e Psicologia da Infância e da Adolescência (FASCISA). Mestrando em Ciências da Educação (ULHT).

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1 comentários

  1. Anônimo says:

    Muito interessante, mas devemos lembrar que quando se mede a reprovação não se refere apenas aos dados das escolas do município. E sim, a toda a rede escolar presente na cidade, o que envolve também, as escolas estaduais. Espero que a próxima gestão possa olhar pra isso com atenção. Se o problema é a qualidade do ensino, então vamos melhorar e deixar de selecionar por partido político e passar a usar critérios de capacidade e competência.