ENSINANDO AOS JOVENS

BLOG DE WILLIAM SANTOS | 10/16/2012 04:26:00 PM | 0 comentários


Passadas as comemorações mercantilistas do “dia da criança”, minhas três netas Marias: Luiza, Clara e Vitória, não puderam comparecer à laje, aí convoquei meus netinhos Izaac e Marcos Neto para o almoço do domingo, onde me realizo com a presença de meus familiares. E como digo no twitter: “vovô está feliz”, nesses momentos de alegria.
Com muitas brincadeiras e irreverências o almoço foi animadíssimo e a chef de cuisine, a famosa Lúcia Helena, preparou os quitutes que, apesar de necessitar a baixa de dois quilinhos, me fizeram repetir o prato!
Terminado o almoço, meu filho lembrou que as tarefas do final de semana dos meninos ainda não tinham sido cumpridas e logo os convocou a continuarem sentados à mesa de refeições, que fora transformada em sala única de aula.
A irreverência dos meus netos chegou ao limite da discussão provocativa ensejando que chamasse o feito à ordem ficando Izakinho aos meus cuidados e Neto com seu pai, Marcos Filho.
O tema do meu aluno/neto era a composição de poucas linhas sobre uma árvore plantada em casa.
Aí fiz lembrar a Zakinho que na mudança da ‘casa grande’ de vovô, fizera o ‘transplante’ de um pé de acerola, que frutificava quase o ano todo. No tempo de safra, eu acordava todas as manhãs e me incumbia de colher as acerolas maduras, uma por uma, numa cesta que conduzia até a casa de meus netinhos.
Pois bem, na tarefa escolar, Zakinho escolheu como tema do seu trabalho o seu ‘pé de acerola’. Surpreendeu-me quando lhe chamou atenção o detalhe acerca do valor alimentício e saudável da fruta vermelhinha e doce!
Já Marcos Neto, dissertou sobre as condições de vida dos negros importados da África. Os porões dos precários navios portugueses eram insalubres e fedentos onde muitos escravos não suportavam. Mortos, eram jogados ao mar...
Com apenas oito e dez anos, meus herdeiros desenvolveram as respectivas matérias didáticas como lição de vida. De um lado, ensinando o valor das fruteiras como adjutório alimentar. De outro, a miséria escárnia do tratamento desumano dos escravos como se não fossem humanos e iguais aos demais.
O ingrediente sócio-político, foi algo que me chamou atenção, com a escola conduzindo à interpretação da importância dos alimentos e do tratamento igualitário entre as raças. A escola fez a sua parte no despertar dos jovens às lições do passado!
Agora, o que é injustificável no ensino brasileiro é o demagógico estabelecimento de quotas para acesso às universidades, como se os negros fossem uma raça fraca e medíocre. A demagógica lei das quotas discrimina os negros brasileiros!
Exemplo saudável para os jovens é a performance do laureado ministro Joaquim Barbosa, de cor negra, seu pai pedreiro e a mãe dona de casa. Aos dezesseis anos sai de casa para trabalhar em Brasília. Tornou-se Mestre e Doutor pela Universidade de Paris e, recentemente, Ministro e Presidente do Supremo Tribunal Federal.

MARCOS SOUTO MAIOR (*)
(*) Advogado e desembargador aposentado

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