SER NORDESTINO!

BLOG DE WILLIAM SANTOS | 6/02/2012 09:45:00 PM | 0 comentários


Invocando frase histórica do respeitado e enaltecido, escritor Euclides da Cunha (1902), ficou gravada na mente de todos nós a evocação do espírito do povo nordestino brasileiro ser, “antes de tudo um bravo”!
Sempre foi dessa maneira, desde os tempos onde os índios, nativos desta adorada terra, bem souberam desenvolver o espírito próprio no combate aos primeiros estrangeiros exploradores.
Os negros importados da África, também deram decisiva contribuição ao nosso país, mesmo submetidos à escravidão do tempo do Brasil Colônia.
A miscigenação de raças deu origem ao nosso povo e, de forma diferenciada, o nordestino fora especialmente caracterizado de povo bom e trabalhador. Repugno o impróprio e desrespeitoso rótulo de “sub-raça” para todos nós!
Prefiro mesmo demonstrar o que somos sem evocar nossas remotas e já conhecidas origens genéticas. Ser nordestino significa ter orgulho de uma raça pura e diferenciada das demais.
Com sotaque arrastado, o homem do nordeste emite a musicalidade do que aprendeu pelo canto dos pássaros, do uivar dos ventos fortes e, sobretudo, na satisfação pelas chuvas despejadas sobre as árvores, escorrendo a baixo para formar poças naturais no chão, servindo-lhe de espelho para se ver.
O precioso líquido sempre foi indispensável para qualquer raça, principalmente o nordestino, onde carinhosamente alisa a terra rude para formar um tabuleiro bem penteado no cultivo de alimentos para a própria sobrevivência.
“Ah! se nesse inverno chovesse, ao menos, um pouquinho para sustentar a lavoura dos frutos dados por Deus.” Repetiu neste ano, um velho morador rural olhando fixo para o céu na invocação da bênção celestial.
Sim, porque as previsíveis e repetidas catástrofes da seca nordestina, são renovadas ano a ano pela permissibilidade dos poderes públicos. O descrédito e a desmoralização pública deixa o povo sofrido e maltratado à própria sorte. São vítimas da famigerada “indústria da seca”, na continuidade do mesmo padrão criminoso de desvio de verbas públicas.
Chego à triste conclusão que nosso povo, além de bravo é também tolerante demais para suportar os inimigos da seca nordestina e suas calamitosas consequências.
É flagrante a omissão criminosa dos partidos políticos, sindicatos, associações, OAB, ABI, Igrejas e outros segmentos na responsabilidade de representar os que
sofrem com a dor profunda da falta de água, para matar a sede e molhar as raízes das plantações secas que geram comida.
Semana passada, critiquei a demagógica criação da presidenta Dilma instituindo “comissão da verdade”, instrumento de vaidade política, partidária e ideológica, sem qualquer finalidade praticidade.
Por que não se formar uma mobilização nacional em prol de um programa sério contra as secas nordestinas?
A bravura da nossa raça não pode sucumbir à tolerância e passividade quando o coração aperta de fome e sede, enquanto outros riem se banqueteando com a miséria alheia.
Marcos Souto Maior
Advogado e desembargador aposentado

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