FIDELIDADE

BLOG DE WILLIAM SANTOS | 5/03/2012 08:32:00 PM | 0 comentários


Toda pessoa humana é dotada da capacidade de conviver com seus semelhantes, até porque somos ser gregário a depender dos outros.
A civilização já nasceu com essa disposição com os habitantes procurando se completar com o próximo. Tanto na formação familiar, que é fundamental, mas também em todos os compartimentos da vida.
É um processo que naturalmente utiliza o consagrado trinômio: conhecer, atrair e conquistar.
Tudo começa com um simples olhar que chama atenção logo se desmanchando em atrações que cativam a pessoa e, finalmente, o ato derradeiro da conquista que significa uma espécie de domínio recíproco da confiança.
Antigamente, as sociedades familiares tinham condições absolutas de impor à força dos costumes, com peso de fazer às vezes das leis da época. A história sagrada registra que Adão, sob os efeitos de uma cantada em Eva, traiu o Criador dando mau exemplo a nós, descendentes dele.
Desde os primórdios o rigoroso conceito e aplicação da fidelidade, tanto nas sociedades familiares quanto as demais espécies inventadas, a exemplo dos partidos políticos.
Imagino que a atração decorre de um envolvente fetiche, chegando a se transformar em paixão arrebatadora. O perigo é inevitável até porque a máxima popular já assegura, “paixão é como fumaça... sufoca e passa”!
Tanto pessoas físicas como as jurídicas, estas formada por gente de carne e osso, no envelhecimento decorrente do tempo, cega para não mais ver quem, outrora, já fora endeusado.
O divórcio veio para simplificar e legalizar o que antes era impossível na mudança de parceiro, sob os efeitos da restrição religiosa de que o casamento é indissolúvel.
Nesses tempos pré-eleitorais, no relacionamento prevalece a “lei de Gerson” que autoriza sempre levar vantagem. A infidelidade partidária é tanto quanto mais escandalosa do que a das pessoas, com questionamentos jurídicos intermináveis, até hoje ainda não pacificados, acerca da traição. Na maioria das vezes, no emaranhado de processos, só acabando com o término do mandato.
Por enquanto, frustrada no legislativo federal a criação de candidaturas avulsas e independentes, que evitaria a traição travestida de infidelidade, a literatura e a prática vão continuar rotulando de “aventura extraconjugal” como se a vida não fosse uma eterna aventura, sem data fixa para acabar...
As leis podem até proibir a infidelidade pessoal ou partidária, contudo, Voltaire assegurou: “os desconfiados desafiam a traição”, e ouso completar que, onde a dúvida pesa mais do que a razão.
Por enquanto, vale o título da comédia teatral de Marcos Caruzo imortalizado como adágio popular: “Trair e coçar... é só começar”!
MARCOS SOUTO MAIOR 
Advogado e desembargador aposentado

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